domingo, 13 de abril de 2008

GEOAFRICANIDADE BRASILEIRA


A equipe pedagógica do 6º ao 9º, em especial as coordenações de Geografia e História, homenageiam aquele que foi sem dúvida, um dos maiores intelectuais das Ciências Humanas do século XX, o professor e Geógrafo Milton Santos. Ele foi o ganhador do maior prêmio científico em Geografia (Vantrin-Lud), equivalente ao Nobel de Geografia. Este afro-brasileiro, baiano, foi membro diretor da OIT (Organização Internacional do Trabalho); membro consultor da ONU e lecionou em diversas universidades entre os EUA, África, Europa (no período do seu exílio), e antes do seu falecimento em 2001, ele lecionou no Programa de Stricto Sensu de Geografia da USP.

Este ilustre Geógrafo foi um grande combatente e defensor dos grupos sociais excluídos na era da Globalização. Sua incessante luta, se materializou na publicação de livros e artigos (mais de 40 livros e mais de 380 artigos) e, em grande parte, publicados em diversas línguas.

O autor analisou o fenômeno da urbanização dos países subdesenvolvidos; o papel das técnicas na produção do espaço e a transformação da sociedade do consumo. Ele apontou em suas obras, temas e conceitos no processo de Mundialização do capital; Analisou a economia-mundo em dois circuitos econômicos: circuitos superiores e inferiores. Apontou da ingorvernabilidade e o descompasso dos Estados-nacionais, apresentando os limites da sua soberania face ao capital mundial. (Re)definiu novas relações geopolíticass entre o centro-periferia mundial. Dizia ele, há uma contínua necessidade na mudança das relações da Divisão Internacional do Trabalho.

Em seu trabalho, o autor apresentou novas concepções teórico-metodológicas para a análise do espaço geográfico. Definiu o autor:
A dinâmica espacial é um processo que determina sua condição de "inerte dinâmico".
De acordo com Milton Santos, o espaço é produzido e organizado a partir dos interesses de alguns poucos Estados, pequenos grupos sociais, empresas e grandes instituições financeiras. Entretanto para isto, haveria de se entender metodologicamente os conceitos de forma, função, estrutura e processo, para chegar a análise espacial do lugar à totalidade. Entender como se processa o modo de produção mundial, a sociedade e a evolução da técnica no espaço.

Iniciei meus estudos geográficos tendo como visitante, o professor Milton Santos no ano de 1995. Até então eu não nunca havia ouvido falar dele. O maior intelectual da Geografia brasileira e mundial sentado bem ali na minha frente. Seu discurso repleto de ascepções, análises e reflexões me estimulou por demais às leituras teóricas que me serviram de inspiração. Não sei ao certo, mas naquele momento, eu sabia que a Geografia tinha muito a falar para a nossa sociedade.

Aquelas inteligíveis palavras me acompanharam em toda minha trajetória acadêmica. Foram muitos congressos que participei pelo Brasil e América Latina. O ENG (Encontro Nacional de Geógrafos), o Congresso Nacional de Geógrafos, o Encontro Nacional de Estudantes de Geografia e o Fala Professor.... No seu último Congresso em Florianópolis (2000), até a Globo local estava disputando espaço com os congressistas para ouví-lo. Foi então a última vez que o vi.
Foi aquele homem afro-brasileiro, professor, geógrafo e humanista que me inspirou a viver a Geografia. Professor, você foi e é para a Geografia brasileira e mundial um exemplo de africanidade brasileria !


por Marcelo Vianna
Professor e Geógrafo

Um comentário:

Marcelo Vianna disse...

Adorei o texto, sem dúvida este foi um dos grandes nomes na ciência brasileira